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Entrevista com o Murilo Matipu (Aldeia Matipu)


Conversamos com o Murilo -Kaiapo Matipu-, membro e agente de saúde na comunidade Matipu e também responsável pelo Kuarup em 2021/22 sobre o ritual Kuarup, a realidade da comunidade Matipu e suas tradições!


Entrevistador: Quem é o Murilo?

Murilo: Sou eu, Murilo Matipu, moro na Aldeia Matipu Novo, aqui no Alto Xingú, sou agente de saúde aqui na Aldeia.



E: Fala um pouco sobre a história da Aldeia!

M: O nome original da aldeia é Agahâga, aqui a gente fala a língua Karib. Nossa Aldeia tem aproximadamente 130 pessoas.



E: Como é a realidade da Aldeia hoje?

M: Aqui todo mundo planta e pesca para comer, fazemos mutirão para construir as casas com madeira embira e Sapê. A gente tem mais influência de coisa da cidade, mas a gente tenta manter forte a nossa cultura tradicional.



E: O que é o Kuarup?

M: O Kuarup é uma homenagem a uma pessoa falecida. Não é todo mundo que a gente homenagea no Kuarup, só a família do cacique.



E: E o que acontece no Kuarup? Como é a realização do Kuarup? Ele começa só naquela data (30 de julho), começa antes...?

M: Começa dia 26 (de julho) até o final (do mês de julho).



E: E antes do Kuarup,Como é a preparação? Tem que juntar polvilho?...

M: Isso, assim, tem que preparar as coisas para ano que vem, né... Como eu tô, hoje eu tô juntando Pequi pra ano que vem né, e ano que vem vai ter doação do polvilho, por último é que vai acontecer a Kuarup.



E: E o que você espera do Kuarup pro ano que vem? Voce achar que vao vir muita gente, pouca gente, vai dar trabalho ou não vai?

M: Olha, é.... vai ser muito trabalho pra ano que vem. Vai ter muito trabalho, que vai vir muita gente, vai vir 16 etnias pra participar nesse Kuarup do ano que vem.



E: Nossa, 16? E quais são as necessidades da Aldeia hoje? Do que a Aldeia tá precisando?

M: A aldeia hoje tá precisando de um transporte, uma base de alvenaria, uma escola de alvenaria e muita coisa.



E: Existe algum ritual que envolve perfuração?

M: Tem! Tem a festa de perfuração da orelha, aqui só os homens que furam.



E: Mulher não fura orelha?

M: Não, só homem.



E: E tem uma data? Uma idade pra furar a orelha? Como é?

M: Olha, assim, tem uma idade... Se a pessoa fizer 16 anos, aí ela fura a orelha.



E: Qual que é a importância da FUNAI pros Povos Indígenas hoje?

M: Então, hoje a FUNAI ta complicado... Ninguém... Eles não tão ajudando nada. É difícil.



E: Com essa redução do auxílio da FUNAI o que as Aldeias estão tendo que fazer? Quais são as dificuldades? Tem que procurar ajuda de fora?

M: Isso! Hoje em 2021, a FUNAI não tá ajudando mais o Kuarup, né. Por isso o dono do Kuarup tem que tentar e pedir ajuda pra outra pessoa. Amigas, amigos, né?



E: Qual a sua visão ou esperança do futuro? Como você acha que vai ser o futuro dos Matipu?

M: Então, a gente tem que ensinar mais aos jovens pra continuar mantendo as tradições rituais.



E: Então depende dos jovens, o futuro?

M: É, depende dos jovens.



E: E eles estão sendo bem preparados?

M: Sim! Isso!



E: Quais outros rituais que existem aqui na Aldeia?

M: Então, tem festa do Yamurikumã, quem pode participar são só as mulheres. Tem Takuaga, a festa do homem e as mulheres podem participar também.



E: Tem mais alguma?

M: Então, tem a festa do Tawarawáná, tem também.



E: O que vocês costumam fazer pra lazer ou descansar aqui na aldeia? O que vocês fazem pra se divertir aqui?

M: Então, como eu tô de luto, eu não posso jogar futebol, né , jogar bola. Eu tenho que ficar lá em casa, só faço exercícios... Tem que andar e correr, só escondido, não pode jogar bola não. Só pode voltar pro centro da Aldeia depois do Kuarup.




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Murilo (nome indígena: Kaiapo Matipu)

Membro da comunidade indigena Matipu.

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